Dízimo em Dinheiro?

As igrejas dizem que sim.

A Bíblia diz que não.


terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Parte I


Parte I
O Dinheiro

No Velho Testamento

     Sabemos todos, que em qualquer igreja, hoje, o dízimo é mensal, em dinheiro; um dos principais argumentos dos defensores deste tipo de dízimo é o de que na época em que ele foi estabelecido, ainda no deserto, só podia ser dado mesmo em frutas, verduras, legumes e animais, porque ainda não havia dinheiro; a fragilidade deste argumento, porém, vai ficar patente à medida que formos avançando na pesquisa bíblica
     Espero, sinceramente, no Senhor, que após este trabalho não reste mais nenhuma dúvida.

     Primeiro, vejamos o que diz o verbete DINHEIRO, no Dicionário da Bíblia, de John D. Davis:
“As primeiras moedas de curso nas transações comerciais, foram lançadas pelos gregos e por outros povos da Ásia Menor, dentro da esfera de influencia grega. Os estáteres, feitos de uma liga de ouro com prata, chamada eléctron, foram cunhados na Lídia da Ásia Menor, e as moedas de prata, na Egina em 700 a 650 A.C. Na parte restante da Ásia Ocidental e no Egito, não havia moedas de cunho oficial. Dava-se ouro ou prata em barras arrecadas e outros objetos de uso. Nestas transações, o que valia não era tanto o que estava marcado, mas sim o peso do objeto e a qualidade do metal. A Dario Histaspes (521-486 A.C.), se atribui a introdução das moedas cunhadas, na Pérsia, por meio das quais os judeus se familiarizaram com as moedas”.

     Voltemos, agora, à bíblia, começando pelo começo; ou seja, pelo livro do Gênesis, que é o primeiro livro da bíblia, onde é narrada a criação do mundo e do primeiro homem, e onde existem inúmeras e importantes passagens que se referem diretamente à utilização do dinheiro ou de moedas;  para facilitar a compreensão, optamos por apresentar as referencias, dentro de cada livro, separadamente, indo até o livro de Sofonias, onde há a última referencia a dinheiro, no Velho Testamento.
      O objetivo é mostrar, de forma ordenada, o uso do dinheiro através da bíblia, e qual a sua importância para a sobrevivência humana, bem como as ordenanças de Deus relacionadas a dinheiro; além disso, teremos oportunidade de descobrir se de fato existe - ou existiu - uma relação direta entre dinheiro e dízimo.

     Gênesis, 17:11-12
     Deus aparece a Abrão, muda-lhe o nome para Abraão e estabelece com ele um concerto, cujo símbolo é a circuncisão, e lhe diz:
     “E  circuncidareis a carne do vosso prepúcio; e isto será por sinal do concerto entre mim e vós. O filho de 8 dias, pois, será circuncidado, todo macho nas vossas gerações; o nascido na casa, e o comprado por dinheiro a qualquer estrangeiro, que não seja da tua semente”.
     Aqui, fica claro, que no tempo de Abraão já havia um mercado de compra e venda de escravos, e o próprio Abraão possuía, não só escravos nascidos na sua própria casa, como outros, comprados com dinheiro.


***



     Gênesis, 20:9
     Abraão foi peregrinar em Gerar; e, como ficou temeroso de que os homens do lugar o matassem, para ficar com  sua mulher, Sara, disse que ela era sua irmã. Então, Abimeleque, rei de Gerar, tomou Sara para si; mas antes que ele tivesse qualquer relacionamento carnal com Sara, Deus lhe apareceu em sonho e lhe revelou que Sara era mulher de Abraão:
     “Então chamou Abimeleque a Abraão e disse-lhe: Que nos fizeste? E em que pequei contra ti, para trazeres sobre mim e meu reino tamanho pecado? Tu me fizeste aquilo que não deverias ter feito”.

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     Gênesis, 20:14
     Abraão justificou-se diante de Abimeleque, que imediatamente tomou providencias para reparar o erro, conforme está escrito:
“Então tomou Abimeleque ovelhas e vacas, servos e servas, e os deu a Abraão; e restituiu-lhe Sara, sua mulher”. E no versículo 16: “E a Sara disse: Vês que tenho dado a teu irmão mil moedas de prata; eis que ele te seja por véu dos olhos para com todos os que contigo estão, e até para com todos os outros; e estás advertida”.

        Abimeleque ficou tão transtornado com a situação, que resolveu indenizar Sara e Abraão como forma de reparar o erro.

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     Gênesis, 23:14-15
     Quando do relato da morte de Sara, temos a oportunidade de acompanhar a negociação entre Abraão e Efrom, o heteu, para a compra do campo de Macpela, onde Abraão pretendia enterrar Sara. Houve um certo impasse na negociação, porque os heteus não queriam vender, mas dar uma sepultura para Sara; mas Abraão não queria só uma sepultura, mas sim o campo inteiro, e queria pagar por ele:
     “E respondeu Efrom a Abraão, dizendo-lhe: Meu senhor, ouve-me, a terra é de 400 siclos de prata; que é isto entre mim e ti? Enterra o teu morto. E Abraão deu ouvidos a Efrom e Abraão pesou a Efrom a prata de que tinha falado aos ouvidos dos filhos de Hete, 400 siclos de prata, moeda corrente entre mercadores”.
     Veja que, na época de Abraão, já havia uma moeda corrente entre os mercadores; e se havia moeda corrente, havia todo um sistema monetário vigente.

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     Também no livro do Gênesis encontramos a história de José, filho de Jacó, que começa no capítulo 37 e vai até o fim do livro, com a morte de José.
     O relato bíblico, nos mostra que José, aos 17 anos, era odiado pelos seus irmãos porque contava a Jacó, seu pai, tudo o que os irmãos faziam de errado quando estavam fora de casa, e também porque era o filho que Jacó mais amava (para entender melhor, é importante que você leia antes, a história completa de José).
     Em certa ocasião os irmãos de José tinham ido apascentar o rebanho perto de Siquém; Jacó, então, chamou José e o enviou aos seus irmãos para averiguar se tudo estava indo bem. Quando os irmãos de José o viram, sentiram que era o momento e conspiraram  para matá-lo; Ruben, no entanto, foi contra e sugeriu que o jogassem numa cova que havia no deserto, com a intenção de resgatá-lo depois e levá-lo de volta ao seu pai. Prontamente os irmãos acataram a idéia; arrancaram a túnica colorida de José e o jogaram na cova.
     Judá, então, vendo que se aproximava ao longe uma caravana de mercadores ismaelitas, sugeriu aos seus irmãos que, ao invés de matar José e esconder a sua morte, seria muito melhor vendê-lo; os irmãos obedeceram e o fizeram, conforme está escrito:

     Gênesis, 28:37
     “Passando, pois, os mercadores Midianitas, tiraram e alçaram José da cova e o venderam por 20 moedas de prata aos ismaelitas, os quais o levaram ao Egito”.

*

     No Egito, José foi vendido a Potifar, capitão da guarda do Faraó, que ao perceber que Deus estava na vida de José, colocou-o como administrador geral da sua casa; mas como José tinha uma bela aparência, a mulher de Potifar tentou seduzi-lo e, como ele recusou a oferta, ela lhe preparou uma armadilha e denunciou-o.
     Na prisão, José também chamou a atenção do carcereiro, que ao perceber que Deus era com ele, colocou-o como administrador geral da prisão; neste meio tempo, o copeiro-mor e o padeiro-mor do Faraó também foram presos, e lá, na prisão, cada um teve um sonho, e os dois sonhos foram interpretados por José.
     Dois anos depois destes acontecimentos, Faraó teve dois sonhos numa mesma noite; chamou, então, todos os adivinhadores e todos os sábios do Egito, mas ninguém conseguiu interpretar seus sonhos; o copeiro-mor, porém, lembrou-se de José, e de como ele acertara na interpretação dos sonhos, dele e do padeiro-mor; contou o acontecido a Faraó, que imediatamente mandou que trouxessem José à sua presença.
     José não só interpretou os sonhos de Faraó – que referiam-se a sete anos de fartura sobre a terra, seguidos de sete anos de seca – como deu instruções sobre como deveria ser a administração do Egito naquele período. Faraó percebendo que toda aquela sabedoria vinha de Deus, nomeou-o governador de todo o Egito, sendo subordinado, apenas, ao próprio Faraó, quando este estivesse no trono.
     Já no primeiro ano de seca, Jacó ordenou a seus filhos que descessem ao Egito para comprar mantimentos; chegando lá, José imediatamente os reconheceu, mas não foi reconhecido por eles. A partir daí, José armou uma estratégia para que seus irmãos permanecessem no Egito; e para isso, utiliza o mesmo dinheiro que eles haviam trazido para comprar mantimentos, conforme veremos a seguir:

     Gênesis, 42:25-28
     “E ordenou José que enchessem os seus sacos de trigo, e que lhes restituíssem o seu dinheiro a cada um no seu saco, e lhes dessem comida para o caminho, e fizeram-lhes assim. E carregaram o seu trigo sobre os seus jumentos e partiram dali. E, abrindo um deles o seu saco, para dar pasto ao seu jumento na venda, viu o seu dinheiro; porque eis que estava na boca do seu saco. E disse a seus irmãos: Devolveram o meu dinheiro, e ei-lo mesmo aqui no meu saco”.

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     Gênesis, 42:35
     “E aconteceu que, despejando eles os seus sacos, eis que cada um tinha a trouxinha com seu dinheiro no seu saco; e viram as trouxinhas com seu dinheiro, eles e seu pai, e temeram”.

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     Gênesis, 42:38
     “E tomai em vossas mãos dinheiro dobrado; e o dinheiro que tornou na boca dos vossos sacos, tornai a levar em vossas mãos; bem pode ser que fosse erro”.
     A história de José nos mostra o dinheiro sendo usado de formas totalmente antagônicas. No início, irmãos vendendo o irmão que odiavam; e, mais tarde, a utilização do dinheiro para um de seus propósitos mais nobres: A garantia do próprio sustento e o da família.


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     Êxodo, 12:43-44
     Este livro narra a saída do povo de Israel do Egito, após  uma peregrinação de 430 anos;
nesta primeira referencia a dinheiro, Deus instituiu a páscoa, conforme transcrito a seguir:
     “Disse mais o Senhor a Moisés e a Aarão: Esta é a ordenança da páscoa; nenhum filho de estrangeiro comerá dela. Porém todo o servo de qualquer, comprado por dinheiro, depois que o houveres circuncidado, então comerá dela”.

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    Êxodo, 21:18-19
     No capítulo 21, Deus estabelece uma série de leis, que prevêem a reparação dos prejuízos causados por qualquer pessoa ao seu semelhante, através do pagamento de indenizações, em dinheiro:
     “E se alguns homens pelejarem, ferindo um ao outro com pedra ou com punho, e este não morrer, mas cair na cama; se ele tornar a levantar-se e andar fora sobre o seu bordão, então aquele que o feriu será absolvido; somente lhe pagará o tempo que perdera e o fará curar totalmente”.

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     Êxodo, 21:20-21
     “Se alguém ferir a seu servo ou a sua serva com pau, e morrerem debaixo da sua mão, certamente será castigado; porém se ficarem vivos por um ou dois dias, não será castigado, porque é seu dinheiro”.

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     Êxodo, 22:9
     “Sobre todo o negócio de injustiça, sobre o boi, sobre o jumento, sobre gado miúdo, sobre o vestido, sobre toda a coisa perdida, de que alguém disser que é sua, a causa de ambos virá perante os juízes: Aquele a quem condenarem os juízes o pagará em dobro ao seu próximo”.

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     Êxodo, 22:25
     “Se emprestares dinheiro ao meu povo, ao pobre, que está contigo não te haverás com ele como um usurário; não lhe imporeis usura”.
     Deus ordena que não emprestemos dinheiro a juros ao pobre.
     Este mesmo Deus ordenaria a alguém que tomasse dinheiro dos pobres?

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     Êxodo, 30:14-16
     “Qualquer que entrar no arrolamento, de 20 anos e acima, dará a oferta ao Senhor. O rico não aumentará, e o pobre não diminuirá da metade do siclo, quando derem a oferta ao Senhor, para fazer expiação por vossas almas. E tomarás o dinheiro das expiações dos filhos de Israel, e o darás ao serviço da tenda da congregação; e será para memória dos filhos de Israel diante do Senhor, para fazer expiação por vossas almas”.

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     Levítico, 22:10-11
     Aqui é estabelecido o culto divino; ou seja, o povo só poderia aproximar-se de Deus através dos sacerdotes e de sacrifícios; o texto a seguir, nos fala sobre a lei acerca de comer coisas santas:
     “Também nenhum estranho comerá das coisas santas: nem o hóspede do sacerdote nem o jornaleiro comerão das coisas santas. Mas quando o sacerdote
 comprar alguma alma com o seu dinheiro, aquela comerá delas, e o nascido na sua casa: estes comerão do seu pão”.

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    Levítico, 25:35-37
     “Quando teu irmão empobrecer, e as suas forças decaírem, então sustentá-lo-ás, como estrangeiro e peregrino, para que viva contigo. Não tomarás dele usura nem ganho; mas do teu Deus terás temor, para que teu irmão viva contigo. Não lhe darás teu dinheiro com usura, nem darás o teu manjar por interesse”.
     Deus não muda, nós o sabemos; assim como sabemos que Deus não mente.
     Pois bem. Nesta passagem, Deus nos manda abrigar e sustentar nosso irmão pobre; dar-lhe dinheiro sem cobrar juros; e alimenta-lo com manjares, sem qualquer interesse; e isto, depois que o dízimo já havia sido estabelecido.
     Será que este mesmo Deus, hoje, daria autoridade a alguém para tirar dinheiro do seu irmão pobre, em troca de promessas que Deus não mandou prometer?
     O Deus que nos ensina a dar,  é o mesmo Deus que nos diz para tirar?

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     Deuteronômio, 2:5-6
     Neste livro a lei de Moisés é reproduzida, mas de forma diferente, e aqui encontramos passagens relativas a dinheiro que merecem ser registradas. A primeira passagem refere-se ao que Deus determinou ao seu povo em relação aos descendentes de Esaú, que habitavam em Seir:
     “Não vos entremetais com eles, porque não vos darei da sua terra, nem ainda a pisada da planta de um pé: Porquanto a Esaú tenho dado a montanha de Seir por herança. Comprareis deles, por dinheiro, comida para comerdes; e também água para beber deles comprareis por dinheiro”.


                                                                         *

                                                                         
     Deuteronômio, 14:22-29
     “Certamente darás os dízimos de toda a novidade da tua semente, que cada ano se recolher do campo.
      E, perante o senhor teu Deus, no lugar que escolher para ali fazer habitar o seu nome, comereis os dízimos do teu grão, do teu mosto e do teu azeite, e os primogênitos das vacas e das tuas ovelhas: Para que aprendas a temer o Senhor teu Deus todos os dias.
      E quando o caminho te for tão comprido que não os possas levar, por estar longe de ti o lugar que escolher o Senhor teu Deus para ali por o seu nome, quando o Senhor teu Deus te tiver abençoado, então vende-os, e ata o dinheiro na tua mão, e vai ao lugar que escolher o Senhor teu Deus;
      e aquele dinheiro darás por tudo o que deseja a tua alma, por vacas, e por ovelhas, e por vinho, e por bebida forte; e por tudo o que pedir a tua alma: Come-o ali perante o Senhor teu Deus, e alegra-te, tu e a tua casa”.
     Esta passagem refere aos dízimos para a casa do Senhor; ela fazia parte dos estatutos que o povo deveria obedecer, após entrar na terra prometida. Para entender melhor, o ideal é que se leia a partir do capítulo 12.

     Este texto, que provavelmente é o menos lido nas igrejas – eu, pessoalmente nunca o ouvi – será comentado mais detalhadamente na Parte 2 deste trabalho, que trata do dízimo.

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     Juízes, 16:5
     Neste livro temos a história de Sansão, um dos juízes mais importantes do povo de Israel; e, no capítulo 16, temos o relato de como Dalila o traiu. Do relato, transcrevemos o texto abaixo:
     “Então os príncipes dos filisteus subiram a ela, e lhe disseram: Persuade-o, e vê em que consiste a sua grande força, e com que poderíamos assenhorear-nos dele e amarrá-lo, para assim o afligirmos: e te daremos cada um mil e cem moedas de prata”.
     As conseqüências deste suborno, todos nós sabemos; mas quem quiser conhecer melhor, leia do capítulo 14 até o16.

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     II Reis, 12:4-5
     O texto nos fala sobre a ordem do rei Joás, para reparar o templo. O rei deu esta ordem no ano sétimo do seu reinado:
      “E disse Joás aos sacerdotes: Todo o dinheiro das coisas santas que se trouxer à Casa do SENHOR, a saber, o dinheiro daquele que passa pelo arrolamento, o dinheiro de cada uma das pessoas, segundo a sua avaliação, e todo o dinheiro que trouxer cada um voluntariamente para a Casa do SENHOR”.
       Vinte anos depois, porém, o trabalho ainda não havia sido executado.
     O rei, então, chamou os sacerdotes e disse-lhes que, passado tanto tempo sem que o templo fosse reparado, eles deveriam devolver o dinheiro e não mais reparar as brechas do templo. A partir do versículo 9, no entanto, constatamos que o sacerdote Joiada achou outra solução, conforme transcrevemos abaixo:

     II Reis, 12:9-16
     “Porém o sacerdote Joiada tomou uma arca, e fez um buraco na tampa; e a pôs ao pé do altar, à mão direita dos que entravam na casa do Senhor; e os sacerdotes que guardavam a entrada da porta metiam ali todo o dinheiro que se trazia à casa do SENHOR.
     Sucedeu pois que, vendo eles que já havia muito dinheiro na arca, o escrivão do rei subia com o sumo sacerdote, e contavam e ensacavam o dinheiro que se achava na casa do SENHOR.
     E o dinheiro, depois de pesado, davam nas mãos dos que faziam a obra, que tinham a seu cargo a casa do Senhor; e eles o distribuíam aos carpinteiros, e aos edificadores que reparavam a casa do SENHOR.
     Como também aos pedreiros e aos cabouqueiros, e para se comprar madeira e pedras de cantaria para repararem as fendas da casa do Senhor, e para tudo quanto para a casa se dava para a repararem.
     Todavia, do dinheiro que se trazia à casa do Senhor não se faziam nem taças de prata, nem garfos, nem bacias, nem trombetas, nem nenhum vaso de ouro ou vaso de prata para a casa do senhor.
     Porque o davam aos que faziam a obra e reparavam com ele a casa do Senhor.
     Também não pediam contas aos homens em cujas mãos entregavam aquele dinheiro, para os dar aos que faziam a obra, porque obravam com fidelidade.
     Mas o dinheiro de sacrifício por delitos, e o dinheiro por sacrifício de pecados, se não trazia à casa do SENHOR; porém era para os sacerdotes”.

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     Esdras
     Esdras era um escriba, perito na lei de Moisés; no sétimo ano de Artaxerxes, rei da Pérsia, ele foi comissionado pelo rei para ir a Jerusalém tomar conhecimento das condições civis e religiosas da comunidade judaica, de conformidade com a lei de seu  Deus, conforme texto abaixo:

     Esdras, 7:12-17
     Artaxerxes, rei dos reis, ao sacerdote Esdras, escriba da lei do Deus do céu, paz perfeita, etc.
     Por mim se decreta que no meu reino todo aquele do povo de Israel, e dos seus sacerdotes e levitas, que quiser ir contigo a Jerusalém, vá.
     Portanto da parte do rei e dos seus sete conselheiros és mandado, para fazeres inquirição em Judá e em Jerusalém, conforme a lei do teu Deus, que está na tua mão;
     E para levares a prata e o ouro que o rei e os seus conselheiros voluntariamente deram ao Deus de Israel, cuja habitação está em Jerusalém;
     E toda a prata e o ouro que achares em toda a província de Babilônia, com as ofertas voluntárias do povo e dos sacerdotes, que voluntariamente oferecerem, para a casa de seu Deus, que está em Jerusalém.
     Portanto, comprarás com este dinheiro novilhos, carneiros, cordeiros, com as suas ofertas de manjares, e as suas libações, e oferece-as sobre o altar da casa do vosso Deus, que está em Jerusalém”.



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     Neemias
     Neemias era um judeu do cativeiro e exercia a função de copeiro de Artaxerxes, rei da Pérsia.
     Um dia em que o semblante de Neemias se mostrou abatido, o rei perguntou-lhe qual era a causa do seu pesar.  Respondeu-lhe francamente que era o estado de ruínas em que se encontrava Jerusalém, onde existiam em abandono os sepulcros de seus antepassados, e pediu-lhe licença para ir lá, reconstruir os muros da cidade. O rei forneceu-lhe uma escolta de cavalaria para acompanhá-lo na viagem e deu-lhe cartas de apresentação recomendando-o a vários governadores persas, e nomeou-o governador da Judéia, como Zorobabel havia sido(Dicionário da Bíblia, de John D. Davis).
     No texto transcrito a seguir, podemos sentir a terrível realidade que Neemias encontrou em Jerusalém:

     Neemias, 5:1-11
     “Foi, porém, grande o clamor do povo e de suas mulheres, contra os judeus, seus irmãos.
     Porque havia quem dizia: Com nossos filhos e nossas filhas, nós somos muitos; pelo que tomemos trigo, para que comamos e vivamos.
     Também havia quem dizia: As nossas terras, as nossas vinhas, e as nossas casas empenhamos, para tomarmos trigo nesta fome.
     Também havia quem dizia: Tomamos dinheiro emprestado até para o tributo do rei, sobre as nossas terras e as nossas vinhas.
     Agora, pois, a nossa carne é como a carne de nossos irmãos, e nossos filhos como seus filhos; e eis que sujeitamos nossos filhos e nossas filhas para serem servos; e até algumas de nossas filhas são tão sujeitas que já não estão no poder de nossas mãos; e outros têm as nossas terras e as nossas vinhas.
     Ouvindo eu, pois, o seu clamor, e estas palavras, muito me enfadei.
     E considerei comigo mesmo no meu coração; depois pelejei com os nobres e com os magistrados, e disse-lhes: Usura tomais cada um de seu irmão. E ajuntei contra eles um grande ajuntamento.
     E disse-lhes: Nós resgatamos os judeus, nossos irmãos, que foram vendidos às gentes segundo nossas posses; e vós outra vez venderíeis a vossos irmãos, ou vender-se-iam a nós? Então se calaram, e não acharam que responder.
     Disse mais: Não é bom o que fazeis. Porventura não devíeis andar no temor do nosso Deus, por causa do opróbrio dos gentios, os nossos inimigos?
     Também eu, meus irmãos e meus moços, a juro lhes temos dado dinheiro e trigo. Deixemos este ganho.
     Restituí-lhes hoje, vos peço, as suas terras, as suas vinhas, os seus olivais, e as suas casas; como também o centésimo do dinheiro, do trigo, do mosto, e do azeite, que vós exigis deles”.
     A frase “deixemos este ganho” diz tudo. Irmãos estavam enriquecendo explorando os irmãos mais pobres. Qualquer semelhança com os dias de hoje, não é mera coincidência.

***

     Salmos, 15:1-5
     Transcrevemos, abaixo, um salmo de Davi, onde são enumeradas as qualidades necessárias para que cada um de nós seja considerado um verdadeiro cidadão dos céus.
     Senhor, quem habitará no teu tabernáculo? Quem morará no teu santo monte?
     Aquele que anda em sinceridade, e pratica a justiça, e fala verazmente, segundo o seu
coração;
     Aquele que não difama com a sua língua, nem faz mal ao seu próximo, nem aceita nenhuma afronta contra o seu próximo;
     Aquele a cujos olhos o réprobo é desprezado; mas honra os que temem ao Senhor; aquele que, mesmo que jure com dano seu, não muda.
     Aquele que não empresta o seu dinheiro com usura, nem recebe peitas contra o inocente; quem faz isto nunca será abalado”.
     Constata-se, no texto, que o verdadeiro cidadão dos céus não precisa ser dizimista.
    
***
     Eclesiastes, 5:10
     “O que amar o dinheiro nunca se fartará de dinheiro; e o que amar a abundancia nunca se fartará da renda: Também isto é vaidade”.
     Vale para qualquer um: Crente ou não-crente. Aliás, eu me arriscaria a dizer que vale, mesmo, para os crentes.

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     Eclesiastes, 7:11-12
     “Tão boa é a sabedoria como a herança, e dela tiram proveito os que vêem o sol.
     Porque a sabedoria serve de sombra, como de sombra serve o dinheiro; mas a excelência da sabedoria é que ela dá vida ao seu possuidor”.
     Sabedoria é vida. Dinheiro, não.

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     Eclesiastes, 10:19
     “Para rir se fazem convites, e o vinho alegra a vida, e por tudo o dinheiro responde”.

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     Isaías, 52:1-4
     “Desperta, desperta, veste-te da tua fortaleza, ó Sião: Veste-te dos teus vestidos formosos, ó Jerusalém, cidade santa; porque nunca mais entrará em ti nem incircunciso nem imundo.
     Sacode o pó, levanta-te, e assenta-te, ó Jerusalém: Solta-te das ataduras do teu pescoço, ó cativa filha de Sião.
     Porque assim diz o Senhor: Por nada fostes vendidos; também sem dinheiro sereis resgatados”.
          Aqui, o profeta Isaías profetiza sobre a restauração e a salvação de Israel; e fica claro que, para que sejamos salvos, devemos nos libertar de todo e qualquer jugo, inclusive o do dinheiro:
*
     Isaías, 55:1-2
    “Ó vós, todos os que tendes sede, vinde às águas, e os que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite.
     Porque gastais o dinheiro naquilo que não é pão? E o produto do vosso trabalho naquilo que não pode satisfazer? Ouvi-me atentamente, e comei o que é bom e a vossa alma se deleite com a gordura”.
     Aqui, todo o povo é convidado a procurar a salvação; principalmente, os sedentos e os sem dinheiro.



***
   
     Jeremias, 32:9-11
     Nome do grande profeta, filho de Helcias, sacerdote de Anatote na terra de benjamim.      Foi chamado para o ministério profético por meio de uma visão. Era ainda jovem e julgava-se sem experiência para falar aos homens em nome de Deus.
     Porém sobre ele estendeu Deus a sua mão e tocou os seus lábios, pondo neles as suas palavras para que se dirigisse às gentes e aos reinos, para arrancar e destruir, para arruinar e dissipar, e para edificar e plantar (Dicionário da Bíblia, de John D. Davis).
     No capítulo 32 encontramos  Jerusalém cercada pelo exército do rei de Babilônia  e o profeta Jeremias preso, porque havia profetizado que a cidade seria entregue aos caldeus, e o rei Zedequias seria levado cativo.
     Em meio a esta realidade dramática, a palavra do Senhor veio a Jeremias dizendo-lhe que Hananeel, filho do seu tio, viria oferecer-lhe um propriedade e que ele deveria compra-la, como símbolo da redenção futura do povo:


     Jeremias, 32:9-11
     “Comprei pois a herdade de Hananeel, filho de meu tio, a qual está em Anatote; e pesei-lhe o dinheiro, desessete siclos de prata.
     E subscrevi o auto, e selei-o, e foi confirmado por testemunhas; e pesei-lhe o dinheiro numa balança.
     E tomei o auto da compra, tanto o que estava selado, conforme a lei e os estatutos, como o que estava aberto”.

*
     Jeremias, 32:43-44
     “E comprar-se-ão campos nesta terra, da qual vós dizeis: Está deserta, sem homens nem animais; está dada nas mãos dos caldeus.
     Comprarão campos por dinheiro, e subscreverão os autos, e os selarão; e farão que os atestem testemunhas na terra de Benjamim, e nos contornos de Jerusalém, e nas cidades de Judá, e nas cidades das montanhas e nas cidades das planícies, e nas cidades do sul, porque os farei voltar do seu cativeiro, diz o Senhor”.

***

     Amós
     Profeta natural de Tecoa, cidade da tribo de Judá.
     Pertencia à classe humilde do povo, e empregava-se no ofício de pastor de ovelhas.
     Nas suas profecias revela ter conhecimento de lugares distantes e de fatos que só poderia conhecer fazendo viagens longas, conduzindo ovelhas para o Egito ou para a cidade de Damasco.

     Amós, 2:6ã poderia conhecer fazendo viagens longas, conduzindo ovelhas ou carregando los que s
     “Assim diz o Senhor: Por três transgressões de Israel, e por quatro, não retirarei o castigo, porque vendem o justo por dinheiro, e o necessitado por um par de sapatos”.

*
     Amós, 8:4-6
     “Ouvi isto, vós que anelais o abatimento do necessitado, e destruís os miseráveis da terra, dizendo: Quando passará a lua nova, para vendermos o grão? E o sábado, para abrirmos os celeiros de trigo, diminuindo o efa, e aumentando o siclo, e procedendo dolosamente com balanças enganadoras.
     Para comprarmos os pobres por dinheiro, e os necessitados por um par de sapatos? E depois venderemos as cascas do trigo”.

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     Nas duas passagens acima, Deus, através do profeta Amós, ameaça com castigo, todos aqueles que exploram seu irmão por ganância; e também aqueles que, hoje louvam ao SENHOR, e amanhã praticam a desonestidade e a extorsão contra seus irmãos.  

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     Miquéias
     Profetizou nos reinados de Jotão, de Acaz e de Ezequias, reis de Judá. Começou sua carreira pouco depois do seu contemporâneo Oséias e também depois de Isaías.

     Miquéias, 3:9-11
     “Ouvi agora isto, vós, chefes da casa de Jacó, e vós, maiorais da casa de Israel, que abominais o juízo e perverteis tudo o que é direito.
     Edificando a Sião com sangue, e a Jerusalém com injustiça.
     Os seus chefes dão as sentenças por presentes, e os seus sacerdotes ensinam por interesse, e os seus profetas advinham por dinheiro, e ainda se encostam ao Senhor, dizendo: Não está o Senhor no meio de nós? Nenhum mal nos sobrevirá”

     O profeta denuncia a corrupção e a ganância entre autoridades, sacerdotes e profetas.
     Qualquer semelhança...
    
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     Sofonias, 1:11
     O livro de Sofonias é o nono dos profetas menores.
     “Uivai vós, moradores de Mactés, porque todo o povo de Canaã está arruinado, todos os carregados de dinheiro são destruídos”.

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     Sofonias, 1:17-18
     “E angustiarei os homens, e eles andarão como cegos, porque pecaram contra o Senhor; e o seu sangue se derramará como pó e a sua carne como esterco.
     Nem a sua prata nem o seu ouro os poderá livrar no dia do furor do Senhor, mas pelo fogo do seu zelo toda esta terra será consumida, porque certamente fará de todos os moradores da terra uma destruição total e apressada”.

     Esta profecia nos diz que o dinheiro não compra a salvação, e não livra da condenação.



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