Dízimo em Dinheiro?

As igrejas dizem que sim.

A Bíblia diz que não.


terça-feira, 22 de dezembro de 2009

INTRODUÇÃO


INTRODUÇÃO


     Não é fácil falar sobre o dízimo. Ou melhor, não é fácil falar contra; afinal, ao longo dos séculos, o dízimo tornou-se um dos maiores dogmas da igreja. As chamadas igrejas cristãs, do hemisfério ocidental, embora muitas vezes possuam diferenças doutrinárias irreconciliáveis entre si, acabam concordando num único ponto: O dízimo.
     A meu ver, porém, a questão do dízimo vai muito além de se ser contra ou a favor; afinal, o fato de qualquer pessoa ser contra ou a favor de alguma coisa, não altera em nada essa coisa; o caminho correto a seguir, no caso, é a busca da verdade.
     O propósito deste trabalho, que se inicia aqui, é justamente esse: a busca incondicional da verdade sobre o dízimo; não a minha verdade, nem a sua, mas a verdade bíblica. Isto significa que este trabalho será conduzido de tal forma que, ao final, a própria bíblia nos responda se o dízimo mensal, em dinheiro, é biblicamente legítimo, ou não.
     Você pode muito bem estar se perguntando agora: Afinal, quem é este senhor? De onde este ilustre desconhecido tirou a idéia de que possui as credenciais necessárias para falar de um tema tão importante para a igreja? De onde vem seu conhecimento?
     Bem, eu realmente não possuo formação acadêmica em Teologia, não sou pastor, ou bispo, ou apóstolo, e nem sequer, no momento, sou membro de qualquer igreja; mas a       
 Palavra que está escrita em I João, 2:25-27, me diz que formação acadêmica ou o título de pastor  não são requisitos para entender ou falar sobre a palavra de Deus:
 “E esta é a promessa que ele nos fez: A vida eterna. Estas coisas vos escrevi acerca dos que vos enganam. E a unção que vós recebestes dele, fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como ela vos ensinou, assim nele permanecereis”.
     Em outras palavras, a unção de Deus é suficiente para nos ensinar todas as coisas.
     No entanto, é imperioso que existam nas igrejas pessoas aptas a ensinar, a exortar e a pregar o evangelho; porque são dons de Deus, conforme I Coríntios, 12:28:
     “E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro doutores, depois milagres, depois dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas”.
      Ou ainda: “De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada, se é profecia, seja ela segundo a medida da fé; se é ministério, seja ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino; ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o que exercita misericórdia, com alegria”(Romanos, 12:6-8).

     Mas voltemos ao texto de I João, 2:25-27, mais acima; veja o que ele diz, logo no início: “Estas coisas vos escrevi acerca dos que vos enganam”; e, mais à frente: “Mas, como a sua unção vos ensina todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira...”
     Através das duas frases, fica fácil perceber que pouco tempo depois da crucificação de Jesus Cristo, já havia enganadores andando pelo mundo, deturpando sua doutrina; por isto mesmo, João é extremamente enfático na defesa da doutrina verdadeira.
     Nada mudou, porém, através dos séculos; os enganadores estão aí, prometendo o que não podem cumprir; dizendo que Deus falou com eles, sem que Deus tenha falado; e, igual aos antigos fariseus, impondo fardos pesados às pobres ovelhas, incluindo o dízimo, que é cobrado, muitas vezes, através de ameaças e acusações, pretensamente baseadas em textos bíblicos.
     A minha indignação com este estado de coisas, é que me trouxe até aqui; porque Jesus Cristo nos ensinou que não devemos julgar, mas nos ensinou, também, que podemos nos indignar com todo tipo de injustiça.
     Quero fazer deste trabalho, minha tribuna, pois não consigo mais ficar calado diante de tanta opressão de tanta dissimulação, de tanto engano, de tantos sofismas.
     E o que vem a ser sofisma? Antes de responder, vamos ver o que diz o apóstolo Paulo em II Coríntios, 10:4-5:
     “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em Deus, para destruição das fortalezas; destruindo os raciocínios e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo entendimento à obediência de Cristo”.
     Quando escreveu isto aos Coríntios, Paulo estava defendendo sua autoridade apostólica, e exortando os membros da igreja de Corinto a não se deixarem iludir por alguns que, dizendo-se apóstolos, usavam a igreja para louvarem a si mesmos; Ou seja, não eram o que aparentavam ser.
     Durante uma palestra de teologia, há alguns anos, me chamou a atenção o fato de, nas traduções mais antigas, aparecer a palavra “sofismas”, em lugar da palavra “raciocínios”; pesquisando, então, no dicionário, encontrei a seguinte definição para “sofisma”: “Raciocínio capcioso feito com intenção de enganar”.
     Mas, o que seria “capcioso”? Bem, eu tinha uma idéia, mas não sabia o significado correto; voltei, então, ao dicionário e achei a definição de “capcioso”: “Que tem argúcia para iludir; manhoso; ardiloso; insinuante; envolvente”

      Hoje mesmo - estamos em agosto de 2009 -  vi na TV um famoso pastor televisivo recebendo a visita de outro pastor televisivo, americano, mais famoso ainda, o qual afirmava estar trazendo da parte do próprio Deus uma “unção financeira” para o povo brasileiro, “como nunca havia acontecido antes”.
      Na ânsia de convencer as pessoas da sua “verdade”, o pastor americano afirmou que Deus lhe dissera, pessoalmente, que aquela unção financeira liberada por Deus, através dele, representava a última transferência (sic) de riqueza, do ímpio para o cristão.
     A partir de determinado ponto do seu pronunciamento, o pastor começou a chamar a atenção do telespectador para um número de telefone que estava aparecendo no vídeo, e depois de alguns minutos, fez a revelação: A unção financeira era destinada a todos aqueles que se dispusessem a fazer uma oferta “voluntária” de 900 reais para o ministério do seu colega brasileiro.
    
      Conforme nos ensina a bíblia, ungir é derramar óleo sobre a cabeça de alguém ou sobre alguma coisa com o propósito de cura ou santificação. Arão e seus sucessores de sacerdócio foram ungidos com óleo santo; reis e profetas também foram ungidos; e Jesus Cristo foi ungido pelo Espírito Santo. Inclusive, as palavras “Cristo” e “Messias” significam “O Ungido”.

     Ora, se um dos propósitos da unção é curar feridas, sejam elas físicas ou espirituais,
e o outro é consagrar ou santificar, como isto poderia ser conseguido através do dinheiro, se a palavra de Deus diz justamente o contrário? Jesus Cristo, no sermão da montanha, disse: “Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam (Mateus 6:19)”. Ao despedir os 12 discípulos para sua missão, Ele disse: “Não possuais ouro, nem prata, nem cobre em vossos cintos (Mateus 10:9)”. E ao jovem rico Ele disse: “Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me (Mateus 19:21)”. Será este, o mesmo Deus que agora está liberando uma “unção financeira” através deste suposto profeta? É possível haver mudança em Deus? A bíblia nos responde:
     Em Malaquias, 3:6 está escrito: “Porque eu, o SENHOR, não mudo; por isso, vós, ó filhos de Jacó, não sereis consumidos”.
     Em Números, 23:19 lemos: “Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa. Porventura diria ele, e não o faria? Ou faria, e não o confirmaria?”.
      Para finalizar, uma pergunta: Como pode uma oferta ser voluntária, se o seu valor é pré-estabelecido justamente por aquele que é o seu principal beneficiário? Isso, é um sofisma: A oferta é voluntária, mas o seu valor não é segundo o coração de cada um,  contrariando o que foi ordenado por Deus.

     Este caso da unção financeira retrata a triste realidade que vivemos hoje, no meio evangélico brasileiro: Meia-dúzia de “ungidos” tirando o que podem dos pobres e necessitados, movidos pelo amor ao dinheiro.
    
     Espero em Deus, que este trabalho seja como uma luz em meio à escuridão, trazendo liberdade para todos aqueles que estão presos a doutrinas que não vêm de Deus. Amém.